O Sindiquinze marcou presença no III Encontro do Coletivo Nacional de Pretas e Pretos da Fenajufe, realizado nos últimos sábado (22) e domingo (23), por meio da participação da sindicalizada Sandra Vieira, enviada oficialmente pelo sindicato, e da servidora Sandra Cristina Dias, filiada e atual coordenadora da Fenajufe. Em formato híbrido, o encontro reuniu representantes de 13 sindicatos e promoveu dois dias de debates profundos sobre racismo institucional, reparação, igualdade racial, ações afirmativas e desafios contemporâneos, como os impactos da inteligência artificial nas desigualdades raciais.
Sandra Vieira, que participou pela primeira vez de um evento da Fenajufe, destacou a importância da experiência para a formação e o fortalecimento da atuação sindical.
“Foi extremamente enriquecedor participar deste encontro. Os debates ampliam nossa compreensão sobre as desigualdades que ainda estruturam o Judiciário e nos mostram que não há avanço sem reconhecer essas realidades. Também é fundamental perceber como esses temas direcionam a atuação da Fenajufe e dos sindicatos de base, que precisam estar alinhados e comprometidos na defesa da equidade racial. Saio fortalecida e com a certeza de que essa pauta deve ser permanente e prioritária no nosso cotidiano sindical”, avalia.
O primeiro painel foi apresentado pela juíza substituta do TRT-10, Wanessa Mendes de Araújo, sobre racismo institucional no sistema de Justiça. A magistrada destacou a baixa presença de pessoas negras na magistratura e a falta de equidade nas trajetórias profissionais.
A programação seguiu com a professora Vanda Pinedo (MNU-SC), que abordou o tema “Reparação e Bem Viver”, e com a participação de Tamiles Alves, coordenadora do Ministério da Igualdade Racial, que tratou de ações antirracistas no mercado de trabalho.
No período da tarde, o professor da UnB Dalton Martins trouxe reflexões sobre racismo reproduzido por sistemas de Inteligência Artificial, seguido por Marcelino Conti, do Fonaer/CNJ, que detalhou metas e indicadores raciais do CNJ, considerados um marco na identificação do racismo institucional no Judiciário brasileiro.
O último painel abordou as cotas raciais no PJU e MPU, com participação de representantes da Fenajufe, do Sisejufe/RJ e do TRT-2.
No domingo (23), três novos painéis aprofundaram temas essenciais para o enfrentamento às desigualdades:
- Heteroidentificação e colorismo, com a especialista Fernanda Portela Ferreira.
- Avaliação das políticas raciais no PJU e MPU, com Magali Dantas, que reforçou a necessidade de implementar e operacionalizar normas já existentes.
- Produção de dados de raça e etnia no Judiciário, com Filipe Gioielli Mafalda, que apresentou pesquisas sobre vulnerabilidades e discriminações que atingem diferentes grupos, com destaque para mulheres negras.
O encontro também aprovou a alteração da nomenclatura do coletivo, que passa a se chamar “Coletivo Nacional de Negras e Negros da Fenajufe”, ampliando a representatividade e alinhamento às demandas históricas do movimento negro.
A presença do Sindiquinze reforça a integração e atuação do sindicato com a luta antirracista, a promoção da equidade no serviço público e a defesa de políticas afirmativas no PJU.
As propostas indicadas pelos participantes serão analisadas pela diretoria executiva da Fenajufe e divulgadas posteriormente.

Por Caroline P. Colombo com informações da Fenajufe

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