No Dia da Consciência Negra – que deveria ser dedicado à reflexão sobre nosso passado e à luta pela igualdade de direitos dos negros no Brasil – acordamos com a notícia da morte por espancamento do Sr. João Alberto Silveira Freitas por seguranças de um supermercado da rede Carrefour em Porto Alegre. Temos um “George Floyd” por semana, mas sem a comoção dedicada ao jovem americano.
Como é possível falar de forma leve e abstrata em “igualdade de direitos” quando o mais importante direito, que é o direito à vida, tem sido violado reiteradamente, por séculos?
Ser antirracista é um imperativo moral num país fundado na escravidão e que tem todas as suas mazelas e injustiças desproporcionalmente direcionadas ao povo negro. O problema é: como ser antirracista, como ajudar a quebrar essa estrutura rígida que mata pessoas negras? A questão é complexa e envolve a dolorosa tarefa de reconhecer o racismo em nossas relações e NOS RECONHECERMOS como racistas.
A violência, em todas as formas em que se apresenta, corrói os princípios e valores expressos em nossa Constituição. Não é mais possível reproduzir o modelo excludente e racista que impera na sociedade brasileira, reflexo da herança escravagista em suas mais variadas vertentes. Justamente por estarmos nessa estrutura, temos dificuldades em desafiar as diversas formas pelas quais ela se manifesta. Quantos de nós já nos deparamos com piadas, memes, gracejos pejorativos e toda uma infinidade de agressões contra as pessoas negras e nos sentimos constrangidos em assumirmos uma postura francamente antirracista. NÃO, NÃO PODEMOS MAIS COMPACTUAR COM ESSA SITUAÇÃO. É preciso dar um basta para TODA forma de racismo e de opressão à negritude. Para isso, precisamos ouvir, olhar, refletir, abrir espaço, respeitar incondicionalmente, juntar nossas forças sempre que forem necessárias. E não ter medo do que o espelho nos mostra.
O Sindiquinze convida seus associados a participarem dessa reflexão e dessa mudança. Ela tem que vir de governantes que não desrespeitem a negritude e que conduzam políticas públicas de educação e segurança que não sejam racistas. Mas ela tem que partir também de nós, para que o racismo não seja tolerado na nossa vivência, e para que cobremos o poder público. As fundações do racismo devem ser derrubadas, mas também os “tijolos” que estão no nosso entorno.
Há muito o que fazer.
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