O Tribunal Superior do Trabalho (TST) lançou, na última terça-feira (24), o livro “Tudo sobre Nós, Por Nós! Trajetórias e Vivências de Pessoas com Deficiência da Justiça do Trabalho”.
O material reúne relatos de magistrados e servidores, que contam suas histórias de vida e de atuação na Justiça do Trabalho enquanto Pessoas com Deficiência.
Pelo TRT-15, dois associados do Sindiquinze são colaboradores do livro: Adriano Celestino Ribeiro Barros e Rodolfo José Andrello.
Lotado na 1ª Seção de Apoio à Assessoria de Execução de Campinas, Adriano Celestino é o primeiro servidor diagnosticado e reconhecido autista na 15ª Região. Ele conta que, depois da pandemia da Covid-19, permanece em teletrabalho, o que o ajuda bastante. “O autista precisa do teletrabalho, se você tirou o autista do teletrabalho, você simplesmente anulou a pessoa”, afirma.
O associado possui artigos publicados pelo TST e em revistas de uma universidade de Portugal, além de ser o único servidor com dois projetos reconhecidos, em nível nacional, no 1º Congresso de Pesquisa Judiciária, Estatística e Ciência de Dados da Justiça do Trabalho, ocorrido em outubro de 2023.
Além disso, participou de uma live da Escola Judicial sobre Autismo e o Mercado de Trabalho, sendo o segundo vídeo da Ejud-15 mais acessado até o momento.
Sobre o TEA (Transtorno do Espectro Autista), Adriano Celestino enfatiza que, atualmente, outros servidores foram diagnosticados no Tribunal. “Ser o primeiro é um marco para mim. Agora a pujança está muito grande, graças a Deus. Então é uma luta que não estou mais sozinho, agora tem muita gente nessa linha de frente. Uma sociedade mais diversa, mais inclusiva, mais humana. Com muito mais pertencimento também”, afirma.
Rodolfo José Andrello tem 39 anos e é Técnico Judiciário do TRT-15 desde 2012. Assessor da Desembargadora Rita Penkal, o associado foi representante do Sindiquinze no Encontro de Pessoas com Deficiência promovido pela Fenajufe, em Brasília, nos últimos sábado (21) e domingo (22).
Andrello possui “cegueira legal”, tendo 5% de visão apenas no olho esquerdo. Ele conta que, aos 14 anos, houve o deslocamento da retina do olho direito, não sendo possível fazer a cirurgia a tempo. “É uma cirurgia que precisa ser feito muito rápido e não havia vaga e nem possibilidade de encaixe. Recomendaram que eu procurasse outros hospitais… depois de três meses buscando, o quadro já era irreversível”.
“Quando perdi a visão do olho esquerdo, foi aquele baque, porque do dia para a noite eu estava no escuro”, relembra.
Ao longo do relato no livro, Rodolfo conta sua trajetória de vida na escola e, posteriormente, no supletivo, além da adaptação enquanto Pessoa com Deficiência visual. Formado em Direito com especializações em Filosofia do Direito e Advocacia Trabalhista, hoje o servidor está na terceira especialização, desta vez em Epistemologia e Ontologia, além de estar concluindo a segunda graduação, em Filosofia.
Sobre o trabalho no TRT-15, ele explica que ao ingressar na carreira, não havia PJe e os processos ainda eram físicos. “Então, tinha um sistema que se chamava Sistema de Acompanhamento Processual. A gente conseguia ler com ele, meio que na base da gambiarra. Mas eu fui tentando e me adaptando”.
Já com o PJe, Rodolfo diz ter encontrado várias barreiras, mesmo com a evolução do sistema, quando se encontrou na tarefa de minutar votos. “Ainda hoje eu faço outros concursos, estou numa segunda formação e pretendo investir nisso. Mas, do ponto de vista econômico, estrutural e social, vejo que eu realmente saí de um nível de adversidade muito grande, e ser pessoa com deficiência nesse nível de adversidade foi particularmente desafiador”.
Para o associado, “a gente já abriu caminhos. A gente já enfrentou questões que outras pessoas não vão precisar enfrentar, porque o PJe evoluiu. Porque a Administração está mais ciente das obrigações dela. Se a pessoa entrar hoje no TRT, ela vai ter um acolhimento diferente do que eu tive em 2009”.
“No meu caso, passar de um servidor que mal sabia se ele era capaz de fazer uma distribuição de senha, para um servidor que pode ser assessor de um desembargador e ajudar no processo de construção do Direito, é um negócio fantástico. Eu fico sem palavras para expressar realmente o quanto isso significa”, finaliza.
O Sindiquinze parabeniza os filiados Adriano Celestino e Rodolfo Andrello pelo relato e contribuição neste importante material produzido pelo TST que reafirma o empenho do serviço público em promover a inclusão e acessibilidade.
O sindicato integra esse trabalho através do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI), na garantia de melhores condições para todos os servidores e servidoras com deficiência da 15ª Região e de todo o Poder Judiciário Federal.
Por Caroline P. Colombo
Fotos retiradas do livro
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Martha Theresa de Lima Dondeo
Excelente iniciativa!
Parabéns a todos os envolvidos!
Atuei na área da Saúde, durante 22 anos e tive a oportunidade de acompanhar muitos colegas “especiais”, com necessidades especiais. Por essa razão, conheço bem as dificuldades enfrentadas pelos colegas, em busca de ambientes e ferramentas adequadas ao bem estar de cada um, no desempenho de suas funções.
Não vejo a hora de ler o livro!