Pela vida das mulheres. Todo lugar é lugar de luta feminista, inclusive aqui, no Sindiquinze!

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A frase “pela vida das mulheres”, infelizmente, é uma síntese da luta feminista, que merece ser lembrada neste dia 8 de março. O feminicídio não é uma estatística abstrata, mas uma realidade concreta que tivemos a tristeza de presenciar aqui ao lado, no nosso próprio ambiente de trabalho.

As múltiplas dimensões que compõem o movimento feminista convergem para que a vida da mulher um dia deixe de ser ameaçada apenas pelo fato de ter nascido mulher. Desde o direito ao voto, à herança, ao divórcio (direitos ainda recentes e não garantidos em todo o mundo), até as demandas por direitos reprodutivos, pela não objetificação nas relações de consumo e sociais, pelo direito à voz, à igualdade salarial, à divisão do trabalho doméstico, a um futuro que não seja determinado pelo gênero no nascimento. Tudo isso se almeja para que a mulher tenha uma posição de dignidade e possibilidade de futuro, que hoje só se reconhece, coletivamente, aos homens. Para ser reconhecida, respeitada, ouvida, não se deve exigir que uma mulher seja “guerreira”, “princesa”, ou dotada de qualquer tipo de superpoder. A mulher deve ter o direito à mediocridade, assim como os homens têm. Só assim combateremos a terrível estatística de um feminicídio a cada sete horas, que hoje nos assombra.

Nós, servidoras da Justiça do Trabalho, fazemos parte dessa luta multifacetada. Muitas somos arrimo de família, e as que não são geralmente constituem a parte segura e estável do orçamento doméstico. Por isso, a perda de direitos previdenciários e as ameaças trazidas pela reforma administrativa nos atingem de forma desproporcional. Internamente, a despeito de termos um ambiente privilegiado, de alto nível sociocultural, os números mostram as barreiras impostas até às mais poderosas: as Juízas de primeiro grau compõem 45% do quadro; que passam a 32% entre as Desembargadoras e 18% entre as Ministras do TST. Ainda que proporcionalmente mais justo que outros ramos do judiciário (no TJSP há somente 8% de mulheres entre os Desembargadores), nosso ambiente revela o que vivenciamos em todas as demais relações: a sociedade impõe um ônus elevado às mulheres, um padrão de perfeição e excelência que dificilmente se exige dos homens. Pois à mulher não basta a competência profissional; dela se espera também a total dedicação à família e o apuro estético, fatores obsessivamente escrutinados pela sociedade.

Núcleo Feminista do Sindiquinze

Aproveitamos, então, a data comemorativa dessa luta contínua, para lembrarmos que nossas relações de trabalho e familiares ainda permanecem impregnadas com valores machistas que contribuem para que hoje a vida da mulher valha menos que a vida de um homem; para que ainda hoje uma mulher a cada sete horas seja assassinada no Brasil por ser mulher. A transformação dessa realidade é urgente. Em 2020 o lema da Marcha Mundial das Mulheres é ”resistimos para viver, marchamos para transformar” e é nesse espírito que o Sindiquinze está criando um núcleo feminista para discutirmos e encaminharmos as demandas externas e internas que se apresentam às trabalhadoras do TRT-15. As interessadas podem se inscrever no email imprensa@sindiquinze.org.br.

Marcha das Mulheres em Campinas

Amanhã, sábado, dia 7 de março, um grupo de servidoras se reunirá à tradicional Marcha das Mulheres (10h na sede, em direção ao Largo do Rosário). Na segunda, dia 9, a Escola da Magistratura organizou o seminário “Questões de gênero, diversidade e trabalho”, que ocorrerá das 9h às 12h30, no Plenário do 3° andar do TRT-15.

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