ARTIGO: Sindiquinze analisa teletrabalho e faz pesquisa com associados durante a pandemia

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O governo federal do Canadá recentemente enviou um e-mail a seus funcionários, com 6 princípios a serem utilizados no trabalho em casa, por conta da pandemia Covid-19:
1- Você não está em “home-office”. Você está na sua casa, durante uma crise, tentando trabalhar;
2- Sua saúde física, mental e emocional é de longe mais importante que qualquer coisa no momento;
3- Você não deve compensar a produtividade perdida trabalhando por mais horas;
4- Você deve ser gentil consigo mesmo – e não julgar como você está lidando com a situação com base em como outros estão lidando;
5- Você deve ser gentil com os outros – e não julgar como eles estão lidando, com base em como você está lidando;
6- O sucesso do seu time não será medido da mesma forma que era quando as coisas estavam normais;

Os canadenses são famosos no mundo todo pela gentileza em suas relações interpessoais. Estamos longe de sermos canadenses, mas devemos tomar como exemplo o tratamento humano direcionado aos servidores de lá. As diretrizes acima valem para todos nós, especialmente a primeira: não estamos em teletrabalho; estamos em casa, durante uma crise, tentando trabalhar. É muito fácil perder essa perspectiva, especialmente aqui no TRT-15.

Nosso tribunal foi um dos pioneiros na adoção do PJe e do trabalho remoto, então para uma parte de nós não se trata de novidade. Ao contrário de outros funcionários públicos (os professores, por exemplo), estamos aparelhados para o trabalho virtual e uma parte significativa das nossas atividades pode ser feita dessa forma. Isso pode trazer uma falsa noção de normalidade.

É compreensível – e louvável – que busquemos ao máximo a normalidade, que queiramos agir como se tudo fosse como antes, exceto por “alguns pequenos ajustes”.

Mas nada disso que estamos vivendo é normal. Muitos servidores acostumados ao trabalho presencial não estavam preparados para a transição súbita para o trabalho virtual: há falta de equipamentos adequados, ergonomia e até espaço físico para uma prestação de serviços concentrada e tranquila. Mesmo os trabalhadores já acostumados encaram desafios desconhecidos: medo pela pandemia e pela insegurança que ela traz para as famílias e para o país; menos tempo disponível para o trabalho, por conta de cuidados com a família sem qualquer tipo de auxílio (e quem tem ou teve criança pequena sabe do nível de atenção exigido). Estamos esticados e nos desdobrando para dar conta de muitas demandas.

Em 7/02/2020 escrevi um artigo para o “Boletim Sindiquinze”, intitulado “não somos números, não somos mercadoria”, que terminava assim:

“Essa dimensão (humana) será mais relevante no futuro próximo, em que o mesmo servidor, já no limite de sua capacidade, terá uma carga de trabalho maior, decorrente da ausência de funcionários; passará pela demonização na mídia, que o trata como inimigo; e será ameaçado de redução salarial e perda de direitos. Pergunta-se: as metas do Judiciário respeitarão esse ser humano? Entenderão a imensa pressão que pesa sobre ele? Ou passarão como um rolo compressor sobre sua vida, enxergando somente sua dimensão numérica e mercadológica? Nunca foi tão urgente recuperarmos nossa humanidade e solidariedade como agora”.

A urgência de nos humanizarmos e nos ajudarmos neste momento difícil continua mais válida que nunca.

É nesse contexto que o Sindiquinze inaugura aqui uma instância de diálogo sobre as condições de teletrabalho dos associados na pandemia COVID. Em breve enviaremos questionários aos associados, sobre os principais desafios enfrentados e as principais demandas dos funcionários neste período, para procurarmos coletivamente por soluções. Em um segundo momento, faremos uma pesquisa técnica e ampla entre os servidores para direcionarmos as demandas do teletrabalho em tempos de normalidade.

Daniela Villas Boas Westfahl, Diretora de Imprensa e Comunicação do Sindiquinze

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