Mobilizações antirracistas e a organização das mulheres contra a opressão e patriarcado são debatidas pelo Sindiquinze e Coletivo Reconstrução

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O Sindiquinze e o Coletivo de Oposição Reconstrução – Sintrajud de Todos realizaram, na última terça-feira (29), o terceiro debate referente ao Ciclo de Seminários da Formação Sindical e Política.

Com o tema Racismo e Patriarcado: Se não agora, quando?, a reunião contou com as presenças da vereadora de Campinas Guida Calixto e a doutora em sociologia pela Universidade de Coimbra, Deise Recoaro.

No evento transmitido via Youtube do Sindiquinze, as convidadas fizeram uma reflexão sobre a urgência da luta antirracista e feminista.

Integrante da Articulação de Mulheres Brasileira (AMB), Deise Recoaro lembrou que o feminismo surgiu a partir da necessidade de se pensar sobre as formas de opressão, a subalternidade feminina e as desigualdades sociais. “Toda essa forma e sistema de opressão que envolve as mulheres, ele tem a ver com o sistema patriarcal que atravessa diversos outros sistemas de atuação como, por exemplo, a percepção de que o patriarcado opera nos meios sindicais e movimentos sociais”, ponderou.

Para a doutora em sociologia, o patriarcado ainda é um termo pouco falado e explorado, e se constitui como um sistema de opressão que atravessa vários contextos.  É um sistema que coloca o homem em uma posição de privilégio.  Para ela não é possível dizer que “as pautas identitárias atrapalham a luta”; pelo contrário, elas somam, pois, a atuação das mulheres no movimento sindical vai além das condições de trabalho e vai para o campo da saúde, da moradia, da saúde pública. É uma luta antes de tudo pela existência, pois a violência e o feminicídio nos torturam diariamente.

A vereadora de Campinas Guida Calixto (PT) iniciou a fala destacando o empenho das mulheres em ocupar espaços predominantemente masculinos e, mais do que isso, obter o respeito e a igualdade de fala nesses ambientes. “Os dois grandes eventos envolvendo o machismo e o racismo nessa cidade [Campinas] tiveram como protagonistas duas mulheres negras e da bancada do Partido dos Trabalhadores: o primeiro foi com a vereadora Paola Miguel que sofreu um processo de racismo, em um momento em que ela estava debatendo um processo de política pública importante para a cidade de criação do Fundo da Comunidade Negra, um grupo que estava na Câmara Municipal fazendo manifestações contra a vacina, no período de 2021, ofendeu a vereadora Paola Miguel e cometeu racismo a chamando de “preta lixo”. Comigo, a principal agressão foi a tentativa de cassar o meu mandato porque nós apresentamos um material que é o HQ (histórias em quadrinhos) com o tema Territórios Negros, nossos passos vêm de longe, em um gesto de mapear os territórios negros da nossa cidade de Campinas”, contou.

Segundo Guida, o racismo institucional impede que as mulheres ocupem espaços. “Ele está embutido na educação, em todos os espaços ideológicos e de formação, na igreja, na comunidade. Uma mulher que poderia estar descansando ou dividindo as suas tarefas está preocupada com um papel que a sociedade diz que é responsabilidade dela. Nós não teremos uma sociedade democrática, se nós não formos maioria nesses espaços”.

Para ela, o uso do termo “pauta identitária” é preconceituoso e menospreza a luta das mulheres e negros, porque a classe trabalhadora brasileira tem gênero, cor e mora em determinados territórios. “E se quisermos dialogar com os trabalhadores temos que dialogar com essa agenda, sim, e disputar o Estado brasileiro para que ele acolha essas pautas. Para isso, é necessário criar uma rede de fortalecimento para que essas pautas parlamento e no executivo possam ser disputadas”.

PATRIARCADO EM CRISE E AUMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER – Em uma avaliação da doutora Deise Recoaro, o modelo patriarcal está em crise diante da precarização do trabalho e do desmoronamento das identidades de gênero que colocam o homem sob pressão.

No entanto, segundo ela, essa conjuntura faz com que o patriarcado se torne mais violento, através da revanche machista. “É por isso que nós vemos o aumento expressivo, cruel e que nos mata diariamente em números de violência contra a mulher”.

Ao final, Deise chamou a atenção para a importância do debate e das formas de organização das mulheres contra os métodos de opressão. “Se o protagonismo não sair de nós mesmas, de quem vai sair?”, encerrou.

O debate promovido pelo Sindiquinze e Coletivo Reconstrução segue disponível no canal do Youtube do sindicato e pode ser acessado AQUI.

Por Caroline P. Colombo

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