Raízes socioculturais que reforçam a branquitude no Brasil

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O Dia da Consciência Negra está ligado aos esforços dos movimentos sociais para evidenciar as desigualdades históricas que marcaram a população negra no país. O dia 20 de novembro marca a data da morte de Zumbi dos Palmares (1655-1695), um escravo que foi líder do Quilombo dos Palmares e que morreu defendendo sua comunidade. O local simbolizou a luta dos negros por seus direitos, contra a escravidão.

Comemorado há mais de 30 anos por ativistas do movimento negro, a data foi incluída, em 2003, no calendário escolar nacional. Contudo, somente a Lei 12.519 de 2011 instituiu oficialmente o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra no Brasil.

O município de Campinas, por sua vez, se antecipou à iniciativa federal por meio da Lei no 11.128 de 14 de janeiro de 2002, que decretou o dia 20 de novembro como feriado municipal. Um evento que faz parte do calendário de atividades realizadas para marcar a data na cidade é a “Marcha para Zumbi”, organizada pelo coletivo de entidades negras de Campinas e região, em conjunto com a Cepir, coordenadoria vinculada à Secretaria de Municipal de Cidadania, Assistência e Inclusão Social.

Este ano, o Sindiquinze estará presente, apoiando a luta contra toda forma de violência contra a população negra: sobretudo com relação aos homens jovens negros e periféricos, vítimas de violência estatal; contra o trabalho mal remunerado e exercido em condições degradantes, exercido majoritariamente pela mulher negra; contra a violência doméstica, que estatisticamente vitimiza mais a mulher negra, dentre tantos outras questões que envolvem o simples existir enquanto pessoa negra no Brasil.

O racismo estruturalmente inserido na sociedade brasileira, herança da escravatura, mas que se renova dia a dia, reforça os mecanismos de exclusão e marginalização social, econômica, cultural e religiosa da população negra, recriando novas formas de apartheid invisível, e por vezes nem tão invisível assim, como argumento deslegitimador das falas e denúncias das desigualdades sociais a que mulheres e homens e negros são submetidos cotidianamente.

A luta contra o racismo negro no Brasil exige um enfrentamento sério e consciente de todos e todas que se decidam por construir uma sociedade livre, justa e solidária (artigo 3º, I, da CF/88), sem preconceitos de raça (artigo 3o, IV, da CF/88), pautada na dignidade da pessoa humana (artigo 1º, III, da CF/88).

Como diz Rita von Hunty, no vídeo “Racismo, coisa de branco” (confira a íntegra no final deste texto), a discussão sobre o racismo não se limita à população negra. Ainda que, de fato, o protagonismo do debate social sobre o racismo deva ser exercido por homens e mulheres pretos e pretas, por ser um problema social exige a participação de homens e mulheres, brancos e brancas, na construção de uma sociedade livre de opressões pautadas pela cor da pele. É preciso reafirmar o óbvio quanto às consequências suportadas pela população negra, sobretudo durante a pandemia, que se viu obrigada a permanecer trabalhando para tentar garantir o mínimo para a própria sobrevivência e a de sua família.

Quem é capaz de confessar ter esquecido do menino Miguel Otávio, que a mãe, mulher negra, trabalhadora doméstica, se viu obrigada a levar para o serviço, e que morreu por descaso da patroa, mulher branca e rica; ela obrigou sua empregada a ir passear com o cachorro enquanto a criança de cinco anos era colocada sozinha em um elevador. Ou do menino João Pedro, que morreu enquanto estava cumprindo quarentena por ter tido sua casa no Rio de Janeiro alvejada por tiros de policiais.

Foram inúmeros os fatos e constatações irrefutáveis, de que a falácia de o vírus não escolher pessoas, classe social ou raça perpassa, sem dúvida alguma, pelo poder financeiro e social do infectado, pois, se o vírus não faz acepção de pessoas, atingindo homens e mulheres enquanto ser humano, é inegável que a classe social com maiores recursos financeiros, majoritariamente composta por pessoas brancas, se protegeu em seus lares com os meios financeiros necessários para garantir sua existência digna, realidade oposta imposta à população periférica, no geral, negra e pobre.

Novamente, é preciso dizer o óbvio, pois em tempos de negação da própria história reafirmar o que reconhecidamente já foi dito é questão de sobrevivência, não só de homens e mulheres, negros e negras, mas de todos e todas que desejam viver em uma sociedade livre, justa e solidária.

Como recentemente ocorreu com a vereadora Paola Miguel, que enfrentou com brilhantismo e serenidade a exteriorização convicta e assumida do racismo enquanto exercia sua função de parlamentar para a qual foi legitimamente eleita pelo voto popular, é preciso exercer a função de cidadã e cidadão exigida de cada um e cada uma.

VIDAS NEGRAS IMPORTAM SIM!!!

Chega de assistirmos resignados e passivos à morte de crianças, jovens, homens e mulheres periféricos, pobres, negros e negras, como um dano colateral da sociedade capitalista, naturalmente já previsto e assumido.

Basta de Ágatha, de Miguel, Joãos, Marcos Vinícius e tantos outros e outras que perderam suas vidas por serem pobres, negros e periféricos.

Neste dia 20 de novembro de 2021, em que teremos as condições mínimas sanitárias para, já vacinados, participarmos deste evento, o Sindiquinze convoca a todos e todas, sejam brancos e brancas, negros e negras, a juntos construirmos uma sociedade capaz de, finalmente, romper os grilhões da escravatura.

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