Situação da classe trabalhadora e dos/as servidores/as públicos no Brasil é debatida na primeira transmissão do Ciclo de Palestras sobre formação sindical e política

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O Sindiquinze e o Coletivo Reconstrução – Sintrajud de Todos realizaram, na noite da última segunda-feira (08), o primeiro debate do Ciclo de Palestras sobre Formação Sindical e Política.

O projeto visa realizar palestras e discussões sobre questões fundamentais em todos os aspectos que envolvem a luta por melhorias para os servidores e servidoras, com o objetivo de qualificar o próprio debate.

Esta primeira transmissão contou com as presenças da pesquisadora e militante da organização Movimento Brasil Popular, Olívia Carolino Pires, e do economista e professor Márcio Pochmann, além de servidores da 15ª Região e TRT-2, integrantes da diretoria do sindicato e membros do coletivo Reconstrução.

Na oportunidade, Olívia destacou a conexão do serviço público com a defesa do Estado brasileiro. De acordo com ela, o movimento popular tem uma dimensão sindical:  a pauta dos servidores públicos é centralizada na luta democrática. “A defesa do sindicalismo do setor público não é apenas a defesa de categoria, a gente está falando da defesa do Estado, que precisa ser reconstruído diante desse desmonte, não é uma pauta que pertence só a uma categoria. Quando a gente olha para a PEC 32, a possibilidade de ela ser implementada vai colocar algo que é desestabilizador para a sociedade brasileira como um todo”, afirmou.

Por outro lado, segundo a pesquisadora, há a necessidade também de um sindicalismo popular como forma de o sindicalismo compreender que a parte mais organizada da classe trabalhadora precisa contribuir com a parte menos organizada.

“Hoje há um desafio em se atribuir sentido ao trabalho. Em outras categorias isso tem sido mais difícil, mas entre os servidores públicos há uma pauta bem concreta, de aliar a luta econômica do sindicato com a proposta de refundação do Estado brasileiro, com bases radicalmente democráticas, participativas, com eficiência no atendimento das necessidades da população”, ponderou.

O professor Márcio Pochmann iniciou a fala com foco na perda do senso de pertencimento do trabalhador à medida em que o capitalismo foi se desenvolvendo. Com relação ao serviço público, destacou que as reformas do Estado desde 1990 esvaziaram as perspectivas da Constituição Federal de 88, fazendo com que o que não foi privatizado tivesse uma gerência privada.

Após esse período, a agenda desenvolvimentista foi substituída por uma elite da administração contra o Estado, anti-desenvolvimentista. Nesse sentido, o professor explicou que o segmento perdeu força e se fragmentou em posturas corporativas, de autodefesa. “Precisa ser discutido o papel do Estado, a natureza do serviço público. Compreender a natureza do serviço público e os mecanismos pelos quais o Estado Brasileiro passou a ser gerido por uma visão gerencial, privatista”, afirmou.

Segundo Pochmann, o Estado brasileiro é patrimonial e transfere recursos dos menos favorecidos para os que possuem recursos, principalmente diante do processo de financeirização. “A Petrobrás passou a se concentrar só em dividendos para acionistas, a Caixa Econômica era um banco público que reduziu a presença de suas agências em cidades pequenas que não dão lucro. Mas o Estado não é criado para dar lucro, esse é papel da empresa privada”. Ainda de acordo com ele, os trabalhadores do serviço público foram expostos a um processo brutal de alienação com a concepção gerencial do Estado. “Se não houver Estado forte, se não houver um servidor público conectado com os desafios do país, torna-se muito difícil enfrentarmos a realidade que o Brasil possui”, avaliou.

Durante a palestra, Márcio Pochmann fez uma análise sobre as perspectivas de geração de emprego, diante da atual conjuntura de revolução tecnológica informacional, centrada na importância dos dados para gerar um novo modelo de negócios de acumulação. Para o economista, os países com alta taxa de desemprego são os que possuem menos investimento em tecnologia. “Ou seja, há uma ideologia de que a tecnologia suprime o emprego, como se nós estivéssemos em uma nova revolução industrial e esse tipo de fala amedronta os trabalhadores, inibe os sindicatos e faz com que a gente não vá para a luta por medo de desemprego, mas a realidade é que a taxa de lucro segue alta, a acumulação segue e os danos e a concentração de renda são brutais”.

Sobre a importância do sindicato nesse contexto, o palestrante enfatizou que o trabalhador brasileiro não tem capacidade de planejamento, “a maioria vive em função de sobreviver no dia seguinte, alguns conseguem planejar o mês e talvez até um ano. Quem consegue pensar em décadas é a classe dominante, são os ricos, e o sindicato é uma oportunidade de planejar os próximos anos e para isso é preciso ter muita clareza de quem são os trabalhadores que representamos”.

A análise sobre a situação da classe trabalhadora e dos/as servidores/as públicos no Brasil foi transmitida ao vivo no canal do Sindiquinze no Youtube e pode ser acessada AQUI.

Por Caroline P. Colombo

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